sábado, 4 de agosto de 2012

19 anos de saudades...

Creio que cada um de nós, quando criança, tivemos um momento (ou vários) em que sentimos como que tomados pelo medo, pavor às vezes, de um dia ficarmos sem o nosso pai ou a nossa mãe.

Não sei você, mas eu tive vários momentos assim, em que ficava apavorado só de pensar que aqueles meus anjos, meu pai ou minha mãe, poderiam um dia partir deste mundo, deixando-me para trás.

Em relação a minha mãe, um anjo que Deus julgou por bem colocar em minha vida, e eu na vida dela, o pavor era tremendo e, embora tenha um amor em níveis iguais por ela e por meu pai, outro anjo de minha vida, o pensamento era recorrente em relação a ela, minha linda e gordinha baixinha.


Não sei de onde vinha este medo, não sei as razões deste sentimento, mas volta e meia eu sentia um apavorante calafrio com a idéia, insistente e comum, de que ela poderia “ir embora” cedo demais.

Pensando nesta hipótese, lembro-me especialmente de uma canção que ouvia no “Obreiros do Caminho” e que muitas vezes, ao cantarolá-la, ia as lágrimas por, novamente, pensar que este pensamento repetitivo e inseguro poderia tomar forma.

A letra da belíssima canção é esta aqui:
       

Tu és minha alegria

Minha Ternura em flor

Por isso eu canto mamãe

Sou teu pequeno

Tu és meu amor.


Quando partires do mundo

Ao paraíso no além

Guarde um cantinho pra mim

Por onde fores

Eu quero ir também


Pois bem, eis que esta situação deixou de ser hipotética e tomou forma, de uma maneira assustadora e precoce, no dia 4 de agosto de 1993, às 04:40 da madrugada, algumas horas após o dia 3, aniversário do meu pai.

Neste dia, uma quarta-feira de agosto, este meu anjo, Alda Maria, mais uma das Marias que tão bem utilizaram o nome da Mãe de Jesus, retornou ao paraíso do além, na flor de seus pouco mais de 40 anos.

Partiu, não sem antes dizer-me que esperava de mim, que ajudasse a cuidar do meu pai e da família.

Deixou conosco lições cujo preço seria e será sempre incalculável. Um legado de amor, união familiar, altruísmo sem igual e valores que, a despeito de nossa imperfeição, é o que norteia-nos para que tenhamos uma família maravilhosa.

Mas deixou, também, um esposo que além de um amigo, continuava tão apaixonado quanto possível era após tantos anos casados. Deixou filha e filhos com sérias dúvidas sobre como continuar a ter razões para sorrir novamente, além de tias e tios, primas e primos, irmãos e, até então, pais, totalmente inconsoláveis.

Deixou saudades, muitas.

E hoje, 19 anos depois, após ter sido agraciado por Deus com outros anjos em minha vida, como minha esposa, meus filhos e minha filhinha, ainda fico perguntando-me em sentida oração, para ela, minha doce mãe: “você guardou um cantinho para mim aí, não guardou?”

E, em sentida prece ao nosso Deus maravilhoso, em quem deposito toda a minha confiança de que a Vida é ato contínuo, ouço-a, a me dizer

“meu filho, minha filha, meus amores, os seus cantinhos, cativos, estão e estarão sempre guardados, em meu coração.”

4 comentários:

  1. Sabe aquele som de respiração profunda...?! e que termina sem palavras lindas a descrever o que acabo de ler... pq todas essas palavras escritas são tão lindas que não podem ser traduzidas por mim.
    Lindo, simplesmente lindo.
    ps.: que saudades de minha Maria (mamãe, que esta em CG/MS).
    Abraço Paulo.

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    1. Oi Ana...

      Muito obrigado pelo carinho do feedback e, também, pela visita.

      Venha sempre, será MUITO bem vinda. ;)

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  2. Adorei este seu cantinho... continue deixando transparecer esta lado do Paulo de Tarso que poucos realmente conhece... Belíssimo texto.
    Um abraço. Tanix

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    1. Oi Tanix...

      Como disse, você é uma das pessoas que inspiraram-me a compartilhar os textos que gosto de escrever, pelo que sou MUITO GRATO.

      Esta é a NOSSA casa e será sempre um prazer receber os amigos e as amigas aqui.

      Beijo procê. Bye...

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