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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Liderando em Tempos Difíceis


"
A maior habilidade de um líder
é desenvolver habilidades extraordinárias 
em 
pessoas comuns."

Abraham Lincoln

A história nos ensina que os grandes líderes são forjados nos momentos de crise, de extrema pressão, da busca incessante por resultados de curto prazo.
A maioria deles, embora tenham se colocado em posição de liderança, não eram líderes de direito antes de sentirem-se desafiados a assumir uma ou outra causa.
Às vezes, ao estudarmos sua importância frente a história, temos uma primeira impressão de que lutaram contra alguém, um poder, uma instituição. Mas isso é um engano, uma avaliação mais aprofundada da história nos mostrará que os grandes líderes não são aqueles que lutam contra algo ou alguém, eles lutam em favor de algo ou alguém, seja seus direitos, de sua equipe, de seu povo, de suas ideias ou ideais.
Mohandas Karamchand Gandhi liderou os indianos, não contra o domínio britânico, mas em favor da liberdade do seu povo. O foco era o bem estar e a liberdade do seu povo. Ir contra os interesses britânicos em manter o domínio sobre a Índia foi a consequência do seu objetivo principal.
O pastor americano Martin Luther King não estava contra os brancos de seu país, mas em favor da liberdade dos negros de serem tratados com igualdade, com respeito e dignidade. King era seguidor das ideias de desobediência civil não-violenta, preconizadas por Gandhi.
Madre Teresa de Calcutá não queria ser contrária as instituições que deveriam dar uma assistência digna aos pobres da Índia. Ela posicionou-se em favor dos menos favorecidos, dando-lhes o máximo de seu mínimo, fazendo o que estava a seu alcance, fazendo o seu melhor e com este árduo trabalho concretizou o projeto de apoiar os menos favorecidos da Índia.
Isso sem falar em Jesus Cristo, cujo contexto está acima de todos estes líderes “mortais” e que, em momento algum, foi contra alguém ou algo, porém esteve sempre em favor de todos, dando inclusive, uma ótima lição de liderança ao dizer que “o poder nos é dado para servir e não para ser servido”.
O verdadeiro líder deve servir.
A maioria de nós quer ser servida, em toda e qualquer situação, julgando ser este um direito inalienável que nos pertence.
Todos os exemplos citados são de líderes que se colocaram nesta posição em momentos de grande turbulência e, com a serenidade e firmeza necessária, mantiveram o curso da embarcação.
Um outro estágio, quase o único em que compreendemos existir posição de liderança, é o profissional. 
Liderar uma equipe, departamento ou organização, principalmente em um momento de crise, é um enorme desafio. Porém, maiores são as possibilidades de que os líderes aqui forjados tornem-se as pessoas que efetivamente fazem a diferença em suas organizações, em sua comunidade, em seu país.
Ser um líder que faz a diferença é, sobretudo, ter o controle da situação, ter um posicionamento claro que o permita estar no lugar certo na hora em que é preciso, e ter muito amor para vencer o ego, creditando o sucesso à equipe por ele liderada — sempre.
Por fim, não nos esqueçamos jamais que, tal líder possui inúmeros atributos que o caracterizam, sendo o principal deles o prazer em servir, em fazer parte da solução, em ser parte da equipe.
Pense nisso.

Este artigo foi publicado originalmente no Boletim CRC-SP (Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo), número 161, ANO XXXVII DEZ/2006 JAN/FEV/2007  –-http://www.crcsp.org.br/portal_novo/publicacoes/boletim/boletins/boletim161.pdf, pág. 39, e em junho de 2010, no Blog da Tron Informática - http://www.tron.com.br/blog/2010/06/liderando-em-tempos-dificeis/.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

O Jogo do Contente e o Ambiente Corporativo*


Conta a sabedoria popular um causo que é mais ou menos assim:

De madruga o telefone toca:

- Alô? É seu Carlos, é? Aqui é Uóxinton, caseiro do sítio.

- Pois não seu Washington, o que posso fazer pelo senhor? Aconteceu alguma coisa?

- Ah, não. Eu tô liganu pro sinhô prá avisá qui seu papagai morreu.
- Aquele meu papagaio campeão morreu? Como morreu?
- Di tantu cumê carne estragada.
- Mas quem foi que deu carne para o meu papagaio comer?
- Ah, foi ninguém, não sinhô. A carne era duns cavalo morto.
- Mas que cavalos, seu Washington?
- Ah, daqueles puro sangue qui o sinhô criava. Eles murreram di tantu puxá carroça di água.
- Mas que doidera é essa? Que carroça de água?
- Pra apagá o fogo do incêndio.
- Incêndio? Que incêndio?
- Na casa du sinhô… Caiu uma vela e pegô fogo nas curtina.
- Mas vela de que, se aí tem luz elétrica?
- Du velório.
- Velório? De quem?
- Da sinhora sua mãe.
- Minha mãe?!
- Sim, é qui ela apareceu aqui sem avisá e eu dei dois tiro nela pensando qui fosse um ladrão. “Mas num se preocupe não que fora isso, tá tudu bem…”

Embora engraçado, este causo narrado pelo “Uóxinton” nos diz muito sobre o que acontece no ambiente corporativo, seja em empresas privadas ou órgãos públicos.
Trata-se do tradicional “jogo do contente”, uma artimanha política, da qual muitos se utilizam para evitar uma exposição que poderia, eventualmente, comprometer suas posições, funções ou conquistas. Como temem expor suas idéias e ideais, optam por pausar suas falas, fragmentando o quanto possível notícias que, em sua opinião, poderiam contrariar o “contente ambiente” hora estabelecido.
Veja que o vendedor nunca diz, de forma direta, que as metas não foram alcançadas. Prefere o conforto de dizer que vendeu “quase” todo o estoque ou “quase” todo o número a ser atingido, ainda que este quase signifique pouco mais que 50% da expectativa gerada. Quando não menos…
A área que produz bens e serviços não diz, também, que o projeto atrasou. É mais fácil dizer que está “um pouco fora do prazo” em função da ausência de determinado recurso que “alguém” ficou de disponibilizar. Admitir que o erro é da pessoa ou da área jamais!
A expedição, o financeiro, o marketing e tantos outros departamentos, usam e abusam dos mesmos artifícios, minimizando a importância pelo que não fizeram, atribuindo a responsabilidade a terceiros, sejam estes outras pessoas, outros departamentos, outras políticas, outros governos.
Todos sabem que este modelo de discurso muito bem construído, diminui o impacto negativo junto ao chefe. Assim como também, todos os chefes sabem que é um discurso para tentar amenizar a desculpa pelo que não fez.
O grave erro do “jogo do contente” é que, se quem está fazendo o discurso lembrar-se de valorizar o chefe, a empresa e suas políticas, o resultado pouco importará. E todos ficam contentes! Só informam que ‘a mãe morreu quando a importância dada ao papagaio tornou-se o centro das atenções’. A morte da mãe do “seu Carlos” é o mal menor.
Esse comportamento e o medo excessivo de expor, é uma constante em qualquer reunião em que estejam gerentes, diretores e até presidentes. Acontece mais ou menos assim: O presidente coloca sua opinião, ávido por ouvir os que concordam e os que discordam, mesmo que a opinião seja a mais descabida do universo – e olhe lá – haverá sempre um séquito de pessoas que vão concordar, sem ressalvas.
Contudo, haverá outro grupo quase do mesmo tamanho do primeiro, que ficará em silêncio, ouvindo em seus íntimos o dito popular que “se temos dois ouvidos e uma boca, é claro que precisamos ouvir mais e falar menos”. Invariavelmente, estes vão ficar “bem na foto!”
Por último haverá um grupo muito pequeno, formado por um, dois ou três colaboradores que não só vai expor o que pensa como, ousadia das ousadias, discordará do presidente, do preferido do presidente e, até mesmo do seu chefe, do preferido do seu chefe e de outros que seguem a linha filosófica de que, “quem não puxa saco, puxa carroça!”
O dramaturgo Nelson Rodrigues celebrizou a frase “toda unanimidade é burra”.
Se for de fato isso, devemos repensar a idéia de que a maioria absoluta desses colaboradores (os que concordam e os que ficam em silêncio) podem estar errados e, por este motivo, embora correndo o risco de perder benefícios, estão corretos os que ousam expor seus pensamentos e opiniões – às vezes nadando sozinhos contra a maré.
Parabéns às empresas que possuem esses “contestadores” e, mais ainda, apóiam o ambiente para que eles continuem expondo a fragilidade das idéias construídas com foco – muitas vezes, em nosso umbigo. Serão poucas as empresas que continuarão prosperando neste competitivo oceano, de mares vermelhos, azuis e até verdes.
Para as outras empresas, onde o que prevalece é a opinião de um ou de uns poucos – os que acham que sabem tudo e de tudo – em detrimento do conhecimento e opinião dos executores de outras áreas, resta-nos lamentar.

Isso não significa ser um contestador de tudo e de todos, simplesmente pelo prazer de contestar ou, até mesmo, de ir contra pessoas, processos e idéias. É preciso ter mente construtiva para contestar e, também, para apoiar, para recuar quando preciso e para fazer com que empresas e pessoas cresçam sempre.



Do contrário, mudarão o discurso, os personagens e, no fim de tudo, a culpa será da mãe que chegou de forma inadvertida e não do capiau que a fuzilou.


Paulo de Tarso F Castro.

* Este artigo foi publicado originalmente na Revista Fenacon -  Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas  (Edição de maio/junho de 2010, páginas 26 e 27) e no Blog da Tron Informática, http://www.tron.com.br/blog/2010/05/o-jogo-do-contente-e-o-ambiente-corporativo/, em 3/5/2010)