sexta-feira, 13 de maio de 2016

TOQUE O SINO!

Vibrar é gerar a própria energia, sentindo-se capaz, mesmo quando o cenário esteja ruim ou indicando um futuro nada animador. É nesta hora que podemos separar os que vendem, dos que apenas “tiram pedidos”.

Há alguns anos, quando fui convidado para o Programa de Formação de Trainers da Dale Carnegie, um dos grandes players de treinamentos e desenvolvimento humano do mundo, deparei-me com um desafio que serviu para um reposicionamento quanto ao meu estilo de liderança e, claro, para aprender um pouco mais sobre o comportamento humano, especialmente o meu.

No início do Dale Carnegie Course, era pedido que listássemos um desafio comportamental, destes que impactam no que somos e nos resultados que pretendemos ter, e colocássemos este como META, obedecendo ao acróstico SMART, ou seja, que fosse: eSpecífico; Mensurável; Atingível; Relevante e Temporal.

Neste contexto, estabeleci que precisava aprender a “comemorar minhas conquistas”. Mais do que isso, sendo específico, como se pede no acróstico em sua letra “s”, precisava VIBRAR com estas realizações.

Esta necessidade se devia ao fato de que por meu perfil comportamental, não me fazia de rogado em vibrar com todas as forças do meu ser por qualquer pessoa em suas conquistas, tendo grandes reservas porém quando esta vibração era com minhas próprias realizações.

O futebol com os amigos sempre foi um exemplo: como perna-de-pau que sou, zagueiro por excelência, muito raramente faço gols, embora satisfaça-me muito não deixar que o time adversário chegue a este objetivo.

Raro, porém não impossível, uma ou outra vez consigo fazer um “golzinho”. Claro que mantenho o padrão de não comemorar, mesmo quando este é fruto de uma bela jogada ou por si só um belo gol, ainda que fazer este belo gol seja algo tão comum quanto encontrar um político honesto, é bom o reforço.

Recentemente, pela terceira vez no período de um ano, fiz uma excelente venda, respondendo por bater minhas metas e também contribuindo com a meta global da empresa onde estava, uma franquia de uma grande corporação de software.

Ao concluir a venda, já ao fim do dia do último dia útil do mês (nada mais “vendedor” do que isso), fui correndo para a empresa com o objetivo único de TOCAR O SINO que lá existe, chegando já muito além das 18 horas, quando praticamente não havia mais ninguém naquela imensidão de sala. Ainda assim, toquei o sino com todas as forças do meu ser, fazendo-me acompanhar por alguns gritos e urros, só compreensível por quem, ao vender, consegue enxergar-se não como um vendedor batendo sua meta, mas como um campeão, no melhor estilo Ayrton Senna, ao cruzar a linha de chegada com uma única marcha em sua McLaren, vencendo o Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1, em 1991, ou seja, realizando um feito ÚNICO na sua vida e na vida dos que o cercam.

Fiz isso porque das outras vezes em que bati minhas metas, em apenas uma delas eu toquei o tal sino, todo sem jeito por achar que aquela comemoração era quase que uma afronta aos colegas, quando na verdade ela poderia ser a responsável por motivá-los e para relembrá-los da capacidade e grande possibilidade de serem eles os responsáveis por TOCAR O SINO também.

Este foi também o resultado do que havia sido meu compromisso lá no treinamento, quando trabalhei em mim meus medos, meus fantasmas, compreendendo que sempre haveria motivos para vibrar.

E quando vibrei, percebi que realmente é preciso vencer os próprios preconceitos e as travas mentais para comemorar, primeiro consigo mesmo, depois com os colegas, comemorando cada momento destas conquistas que não são somente suas,  já que somos produto do meio e nossos esforços, quando resultam em sucesso, carregam neles uma contribuição de todos que nos cercam.

Estou falando de vendas, mas a necessidade de comemorar e vibrar com os seus, sejam eles colegas de trabalho ou membros da família, vai muito além disso.

Vibrar é gerar a própria energia, sentindo-se capaz, mesmo quando o cenário esteja ruim ou indicando um futuro nada animador. É nesta hora que podemos separar os que vendem, dos que apenas “tiram pedidos”. Dos que batem metas, dos que dão desculpas, conforme artigo que escrevi a este respeito, há um bom tempo.

É hora de separar os que são parte das soluções, quaisquer que sejam elas, dos que contentam-se apenas em apresentar os problemas, sentar à beira do caminho e lamentar.

Por isso, na próxima vez que conseguir algo, uma conquista particular ou coletiva, independente do tamanho da mesma, não se faça de rogado, COMEMORE, TOQUE O SINO e permita-se o prazer de perceber-se capaz, realizador e realizado.

Aproveitando, qual a sua META que pode ser escrita em SMART? Quando você irá tocar o sino?


Pense nisso!

terça-feira, 21 de julho de 2015

Para Quando Eu Me For

Este texto me emocionou profundamente e, não tenho dúvidas, irá fazer o mesmo com você que, como eu, está aí na correria do dia a dia, buscando o que acha que é preciso, em detrimento do que é necessário.

Inspire-se!
Paulo de Tarso.
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Para quando eu me for...

 - by @rafaelzoehler 

Morrer é uma surpresa. Sempre. 
Nunca se espera. 
Imagem Effecta Coaching
Nem mesmo o paciente terminal acha que vai morrer hoje ou amanhã. Na semana que vem talvez, mas apenas se a semana que vem continuar sendo na semana que vem.
Nunca se está pronto. Nunca é a hora. 
Nunca vamos ter feito tudo o que queríamos ter feito. 
O fim da vida sempre vem de surpresa, fazendo as viúvas chorarem e entediando as crianças que ainda não entendem o que é um velório (Graças a Deus).
Com meu pai não foi diferente. Na verdade, foi mais inesperado. Meu pai se foi com 27 anos, a idade que leva muitos músicos famosos. Jovem. Moço demais. Meu pai não era músico nem famoso, o câncer parece não ter preferência. Ele se foi quando eu ainda era novo, descobri o que era um velório justamente com ele. Eu tinha 8 anos e meio, o suficiente pra sentir saudade pelo resto da vida. 
Se ele tivesse morrido antes, não haveriam lembranças. Nem dor. Mas também não haveria um pai na minha história. E eu tive um pai.
Tive um pai que era duro e divertido. 
Que me colocava de castigo com uma piadinha pra não me magoar. Que me dava um beijo na testa antes de dormir. Hábito esse que eu levei para os meus filhos. Que me obrigou a amar o mesmo time que ele e que explicava as coisas de um jeito melhor que a minha mãe. Sabe? Um pai desses que faz falta.
Ele nunca me disse que ia morrer, nem quando já estava deitado cheio de tubos. Meu pai fazia planos para o ano que vem mesmo sabendo que não veria o próximo mês. No ano que vem iríamos pescar, viajar, visitar lugares que nenhum de nós conhecia. O ano que vem seria incrível. Eu vivi esse sonho com ele.
Acho, tenho certeza na verdade, que ele pensava que isso daria sorte. Supersticioso. 
Pensar no futuro era o jeito dele se manter otimista. O desgraçado me fez rir até o final. Ele sabia. Ele não me contou. Ele não me viu chorar a sua perda.
E de repente o ano que vem acabou antes de começar.
Minha mãe me pegou na escola e fomos ao hospital. 
O médico deu a notícia com toda a sensibilidade que um médico deixa de ter com os anos. Minha mãe chorou. Ela também tinha um pingo de esperança. Como disse antes, todo mundo tem. Eu senti o golpe. Como assim? Não era só uma doença normal dessas que a gente toma injeção? 
Pai, como eu te odiei. Você mentiu pra mim. Não fiquei triste, pai, fiquei com raiva. Me senti traído. Gritei de raiva no hospital até perceber que meu pai não estava lá pra me colocar de castigo. Chorei.
Mas aí meu pai foi meu pai de novo. 
Trazendo uma caixa de sapato debaixo dos braços, uma enfermeira veio me consolar. 
Dentro, dezenas de envelopes lacrados com frases escritas onde deveriam ficar os nomes dos destinatários. 
Entre as lágrimas e os soluços não consegui entender direito o que estava acontecendo. 
E então a mesma enfermeira me entregou uma carta. A única fora da caixa.
“Seu pai me pediu pra entregar essa pessoalmente e te dizer pra abrir. Ele passou a semana inteira escrevendo tudo isso e disse que era pra você. Seja forte.” Disse a enfermeira com um abraço.
PARA QUANDO EU ME FOR dizia o envelope que ela me entregou. Abri.

Filho,
Se você está lendo eu morri. Desculpa, eu sabia.
Não queria te dizer que ia acontecer, não queria te ver chorar. Parece que consegui. Acho que um homem prestes a morrer tem o direito de ser um pouco egoísta.
Bom, como eu ainda tenho muito pra te ensinar, afinal você não sabe de nada, deixei essas cartas. Você só pode abrir quando o momento certo chegar, o momento que eu escrevi no envelope. Esse é o nosso combinado, ok?
Eu te amo. Cuida da sua mãe, você é o homem da casa agora.
Beijo, pai.
PS: Não deixei cartas para sua mãe, ela já ficou com o carro.

[Foto: Angra Samuel] - Retirada de "O Blog do Mestre"
E com aqueles garranchos, afinal naquela época não era tão fácil imprimir como é hoje em dia, ele me fez parar de chorar. 
Aquela letra porca que uma criança de 8 anos mal entendia (eu, no caso) me acalmou. Me arrancou um riso do rosto. Esse era o jeito do meu pai de fazer as coisas. Que nem o castigo com uma piadinha para aliviar.
Aquela caixa se tornou a coisa mais importante do mundo. Proibi minha mãe de abrir, de ler. Mas elas eram minhas, só pra mim. Sabia decorado todos os momentos da vida em que eu poderia abrir uma carta e ler o que meu pai tinha deixado. Só que esses momentos demoraram muito pra chegar. E eu esqueci.
Sete anos e uma mudança depois eu não tinha ideia de onde a caixa tinha ido parar. Eu não lembrava dela. Algo que você não lembra não faz falta. Se você perdeu algo da sua memória, você não perdeu. Simplesmente não existe. Como dinheiro que depois você acha no bolso da bermuda.
E então aconteceu. Uma mistura de adolescência com o novo namorado da minha mãe desencadeou o que meu pai sabia que um dia aconteceria. Minha mãe teve vários namorados, sempre entendi. Ela nunca casou de novo. Não sei ao certo o motivo, mas gosto de acreditar que o amor da vida dela tinha sido meu pai. Mas esse namorado era ridículo. Eu sentia que ela se rebaixava pra ele. Que ele fazia pouco da mulher que ela era. 
Que uma mulher como ela merecia algo melhor do que um cara que ela tinha conhecido no forró.
Me lembro até hoje do tapa que veio acompanhado da palavra “forró”. Eu mereci, admito. Os anos me mostraram isso. Na hora, enquanto a pele da minha bochecha ardia, lembrei da minha caixa e das minhas cartas. De uma carta em específico que dizia PARA QUANDO VOCÊ TIVER A PIOR BRIGA DO MUNDO COM A SUA MÃE.
Corri para o quarto e revirei minhas coisas o suficiente para levar outro tapa na cara da minha mãe. Encontrei a caixa dentro de uma mala de viagem na parte de cima do armário. 
O limbo. Procurei entre os envelopes. Passei por PARA QUANDO VOCÊ DER O PRIMEIRO BEIJO e percebi que havia pulado essa, me odiei um pouco e decidi que a leria logo depois, e por PARA QUANDO VOCÊ PERDER A VIRGINDADE, uma que eu esperava abrir logo, logo. Achei o que procurava e abri.

Pede desculpa.
Eu não sei o motivo da briga e nem quem tem razão. Mas eu conheço a sua mãe. Então a melhor maneira de resolver isso é com um humilde pedido de desculpas. Do tipo rabinho entre as pernas.
Ela é sua mãe, cara. Te ama mais do que tudo nessa vida. Sabe, ela escolheu parto normal porque alguém disse que era melhor pra você. Você já viu um parto normal? Pois é, quer demonstração de amor maior que essa?
Pede desculpa. Ela vai te perdoar. Eu não seria tão bonzinho.
Beijo, pai.

Meu pai passava longe de um escritor, era bancário, mas as palavras dele mexeram comigo. Havia mais maturidade nelas do que nos meus quatorze anos de vida. O que não era muito difícil por sinal.
Corri para o quarto da minha mãe e abri a porta. Já estava chorando quando ela, chorando também, virou a cabeça pra me olhar nos olhos. Não lembro o que ela gritou pra mim, algo como “O que você quer?”, mas lembro que andei até ela e a abracei, ainda segurando a carta do meu pai. Amassando o papel já velho entre os meus dedos. Ela me abraçou de volta e ficamos em silêncio por não sei quantos minutos.
A carta do meu pai fez ela rir alguns momentos depois. Fizemos as pazes e conversamos um pouco sobre ele. Ela me contou umas manias estranhas que ele tinha, como comer salame com geleia de morango. De algum modo, senti que ele estava ali. Eu, minha mãe e um pedaço do meu pai, um pedacinho que ele deixou naquele papel. Que bom.
Não demorou muito e li PARA QUANDO VOCÊ PERDER A VIRGINDADE.

Parabéns, filho.
Não se preocupa, com o tempo a coisa fica melhor. Toda primeira vez é um lixo. A minha foi com a puta mais feia do mundo, por exemplo.
Meu maior medo é você ler o envelope e perguntar da sua mãe antes da hora o que é virgindade. Ou pior, ler o que eu acabei de escrever sem nem saber o que é punheta (você sabe, não sabe?). Mas isso também não será problema meu, não é mesmo?
Beijo, pai.

Meu pai acompanhou minha vida toda. De longe, sim, mas acompanhou. Em incontáveis momentos suas palavras me deram aquela força que ninguém mais conseguia dar. Ele sempre dava um jeito de me arrancar um sorriso em um momento de tristeza ou de clarear meus pensamentos num momento de raiva.
PARA QUANDO VOCÊ CASAR me emocionou, mas não tanto quanto PARA QUANDO EU FOR AVÔ.

Filho, agora você vai descobrir o que é amor de verdade. Vai descobrir que você gosta bastante da sua mulher, mas que amor mesmo é o que você vai sentir por essa coisinha aí que eu não sei se é ele ou ela. Sou um cadáver, não um vidente.
Aproveita. É a melhor coisa do mundo. O tempo vai passar rápido, então esteja presente todos os dias. Não perca nenhum momento, eles não voltam mais. Troque as fraldas, dê banho, sirva de exemplo. Acho que você tem condições de ser um pai tão incrível quanto eu.

Imagem da internet, retirada do Blog Litterai & Caos
A carta mais dolorida da minha vida foi também a mais curta do meu pai. Acredito que ele sofreu para escrever aquelas quatro palavras o mesmo que eu sofri por ter vivido aquele momento. Demorou, mas um dia eu tive que ler PARA QUANDO SUA MÃE SE FOR.

Ela é minha agora.

Uma piada. Um palhaço triste que esconde o choro por trás do sorriso de maquiagem. Foi a única carta que não me arrancou um sorriso, mas entendi a razão.
Eu sempre respeitei o combinado com meu pai. Nunca li nenhuma carta antes do momento certo. Tirando PARA QUANDO VOCÊ SE DESCOBRIR GAY, claro. Nunca acreditei que o momento de ler essa carta chegaria, então abri muitos anos atrás. Ela foi uma das mais engraçadas, por sinal.

O que eu posso dizer? Ainda bem que morri.
Deixando as brincadeiras de lado e falando sério (é raro, aproveita). Agora semimorto eu vejo que a gente se importa muito com coisas que não importam tanto. Você acha que isso muda alguma coisa, filho?
Não seja bobo, seja feliz.

Sempre esperei muito pelo próximo momento. Pela próxima carta. Pela próxima lição que meu pai tinha pra me dar. Incrível como um homem que viveu 27 anos teve tanto pra ensinar pra um senhor de 85 como eu.
Agora, deitado na cama do hospital, com tubos no nariz e na traqueia (maldito câncer), eu passo os dedos por cima do papel desbotado da última carta. PARA QUANDO SUA HORA CHEGAR o garrancho quase invisível diz.
Não quero abrir. Tenho medo. Não quero acreditar que a minha hora chegou. Esperança, lembra? Ninguém acredita que vai morrer hoje.
Respiro fundo e abro.

Oi, filho, espero que você seja um velho agora.


Sabe, essa foi a carta mais fácil de escrever. A primeira que eu escrevi. A carta que me livrou da dor de te perder. Acho que estar perto do fim clareia a cabeça pra falar sobre o assunto.
O Gladiador - imagem da internet
Nos meus últimos dias eu pensei na vida que eu levei. Na minha curta vida, sim, mas que me fez muito feliz. Eu fui seu pai e marido da sua mãe. O que mais eu poderia querer? Isso me deu paz. Faça o mesmo.
Um conselho: não precisa ter medo.
PS: Tô com saudade.



Aproveite melhor sua vida, viva-a intensamente, faça coisas de valor, deixe um legado! Seja uma pessoa de valor!


sexta-feira, 1 de novembro de 2013

A Violência Nossa de Cada Dia

Ontem fui surpreendido com uma notícia que me abalou muito.

Um homem de bem, com suas particularidades, seus defeitos e suas virtudes, exatamente como somos nós, homens e mulheres de bem, resolveu partilhar com sua filha e seu filho, ambos adolescentes, um momento de lazer em família. Nada mais saudável, nada mais elogiável, nada mais justo.

Foi este homem assistir a uma partida de futebol e, sabedor que o estádio estaria lotado e que lamentavelmente poderia ter que enfrentar a insanidade de bandidos travestidos de torcedores, comprou seus ingressos antecipadamente, escolheu um local mais seguro para ficar, chegou mais cedo e assistiu ao jogo partilhando com os filhos sua torcida por seu time do coração, bem como os momentos de angústia, raiva e alegria, absolutamente normal para um momento assim.

Quanto ao receito das brigas de torcidas, estava este pai de família, empresário de sucesso e, atualmente, servidor do governo do estado, seguro de que poderia contar com a proteção dos trabalhadores incansáveis e determinados da nossa Polícia Militar.

Para cercar-se ainda mais de cuidados, preservando sua saúde e integridade, bem como de sua filha e seu filho, optou este senhor – como sempre faz, por sair um pouco mais tarde do estádio e, em segurança, regressar a seu lar.

Porém, o que ele não contava e jamais iria esperar, é que alguns outros servidores do Estado de Goiás, servidores estes que tem o DEVER de proteger os cidadãos, utilizando-se da farda da respeitada e centenária instituição que é a Polícia Militar, abusariam agressivamente do poder que lhes confere a Constituição da República, fazendo de uma simples abordagem policial, destas de rotina, uma inequívoca demonstração de que algumas pessoas não mereceriam ter nascido, quanto mais terem crescido e ocuparem, como hoje, uma função social que inclui, como diz o slogan da própria corporação, PROTEGER E SERVIR.

E foi isso que aconteceu a este pai de família, caro amigo de longa data, das boas e das horas ruins, a quem devo muito mais que obrigação, respeito e gratidão.

A pessoa em questão, Sr. Reilly Rangel, foi agredido covardemente pelas pessoas que teriam o dever de protegê-lo, bem como a sua filha e filho que, pasmem, assistiu a uma abordagem policial equivocada, com requintes de humilhação e crueldade, além de terem sidos ESQUECIDOS pelo poder público que, ao deterem o pai, não sem antes agredi-lo, deixou estas ainda crianças a mercê da própria sorte, às duas horas da madrugada, sem sequer permitirem ao referido pai falar-lhes, restando a este, gritos de pedido de socorro e “protejam meus filhos”.

Foi detido covardemente, como se faz com os bandidos das piores espécies, não considerando em momento algum ser este um cidadão de bem, cumpridor dos seus deveres, respeitador e, evidentemente não alcoolizado, fora de qualquer estereótipo de quem deveríamos ter “cuidado” em uma abordagem de rotina.

O próprio comandante da corporação, nas entrevistas para TV e jornais, reconheceu que a ação foi equivocada e totalmente fora dos padrões da Polícia Militar.

Alguns amigos me ligaram dizendo que provavelmente ouve por parte do Reilly uma ação que refletiu nesta reação.

Para né!

Ainda que o Reilly tenha argumentado e, ainda que tenha ficado exaltado e, ainda mais, que tenha ficado irado – o que não creio que ocorreu, NADA justificaria a REAÇÃO vista nas imagens acima apresentadas (vide link). Nada Justifica!

Saliente-se que, mesmo que esta pessoa não tivesse o histórico que tem, não seria ainda merecedor de um ato de violência tão grotesco, altamente repreensivo por parte de qualquer pessoa de bem.

Espera-se que nenhum ser humano passe por uma situação assim, cujos reflexos são irreparáveis, tanto nele quanto em seus filhos e família.

A nós todos, resta-nos esperar que, após as providências legais, tanto a Corporação quanto qualquer outra pessoa que tem o dever de zelar pela segurança e bem estar do próximo, tirem deste momento as melhores lições, impulsionando-as a não mais incorrem nesta repreensível situação.

Este é o meu desabafo, o desabafo de um pai que, ao ver estas cenas, ficou imaginando o quão desafiante seria acordar para um novo e diferente dia, sabendo-se vítima de um ser humano cada vez mais despreparado para lidar com outro ser humano.

Não tem como não ficar abalado ao pensar que ontem foi com ele, amanhã poderá ser comigo ou com você e, se ficarmos apenas calados, em um futuro não muito distante a barbárie será a “forma de governo” que teremos.

Que Deus tenha piedade de nós, pobres e irracionais humanos.

 Paulo de Tarso F Castro

quarta-feira, 12 de junho de 2013

PROTESTOS

Muitas pessoas reverberam os protestos e nunca saíram sequer na porta de seus confortáveis aposentos para, efetivamente, fazerem parte de algo...

Estas mesmas pessoas, quando podem "protestar" pelo voto, entregam-se as conveniências políticas e sociais, não só votando em um "indicado" como até mesmo trabalhando para estes.

Em outras oportunidades, nos seus não menos confortáveis automóveis, usam a esperteza para avançar o sinal, ultrapassar pela faixa da direita - ou pelo acostamento -, estacionar em faixa dupla ou sobre a faixa de pedestres, etc.

Outros ainda aproveitam os pseudo-protestos para extravasarem sua dose de violência e vandalismo.

E um grupo pequeno efetivamente protesta, contra ou a favor, seguindo seus princípios, valores e consciência. (A estes, meus cumprimentos.)

Por isso, embora respeite o DIREITO dos protestos, lamento muito pela insanidade em que estes momentos se tornam e, claro, mais ainda por ver pessoas e empresas pagarem o CUSTO do tal direito.

A linha que tem separado o legítimo direito ao protesto, a do vandalismo, é muito tênue e, não raras vazes, tem confundido-se.

Mas, se até quando publicamos uma frase alusiva ao nosso time de futebol, somos criticados, quanto mais seremos ao discordar desta balbúrdia em que se tornou este "direito" social de protestar e pressionar.

Vida que segue... 


Paulo de Tarso F Castro



Nota: este artigo poderá ser publicado em jornais, revistas e outros veículos, sem autorização específica do autor, desde que mantido integralmente, com a respectiva citação da fonte.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

CORINTHIANS, FUTEBOL E OUTROS PITACOS


Ao acessar o facebook hoje e “correr os olhos” nos vários
comentários sobre a eliminação do Sport Club Corinthians Paulista, da Copa Libertadores da América de 2013, resolvi partilhar um pouco do que penso sobre a forma passional e até certo ponto perigosa com que muitos de nós torcemos, ou não, considerando que esta passionalidade ataca ambos os grupos.

Eu gosto muito deste esporte bretão, muito mesmo.

Não jogo o que gosto, claro. Aliás, não ouso dizer que jogo, apenas que “brinco” com os amigos que, por sinal, são em sua maioria excelentes amigos.

No aspecto torcedor, tento ser o mais racional possível, embora não seja este o papel de um torcedor. O torcedor tem que ser passional, se não perde a graça, daí ter que ouvir os vilanovenses curtirem com os esmeraldinos, algo cada vez mais raro, e os esmeraldinos, com aqueles. Normal, nada mais emocional também.

Ontem, fruto desta paixão pelo futebol, fui assistir mais um jogo da Copa Libertadores, desta vez de um dos melhores times do Brasil na atualidade, o Corinthians, contra um dos maiores clubes argentino das últimas décadas, o Boca Júniors que, conforme não cansou de repetir a mídia nacional, está em um péssimo momento no Campeonato Argentino, subentendendo que seria fácil o Corinthians passar por ele.

Mas, como diz um antigo dito popular, “O jogo é jogado e o Lambari é pescado!”

E neste jogo jogado o Boca tinha tudo para continuar a excelente primeira partida ocorrida lá em Buenos Aires e, se o Corinthians mantivesse o que jogou lá, nada mais normal do que empatar ou até mesmo perder o jogo em São Paulo.

Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press
Mas NÃO FOI O QUE ACONTECEU. O que vimos, lamentavelmente, foi um arrogante árbitro de futebol, e seu respectivo trio, especialmente os assistentes das laterais, errarem feio e, com isso, prejudicarem um time e sua respectiva torcida.

Errou (?), isso é um fato!

Não há como discutir as evidências tão claras quanto as que foram possíveis de serem vistas nas imagens. Não foi um erro, aparentemente foram quatro.

A mídia nacional e a internacional estão dizendo isso. 

Bom, aí quem está lendo até aqui, especialmente os fanáticos torcedores de outros clubes, já estão prontos para ir aos comentários e xingar-me por ser eu mais um do “bando de loucos”!

Não sou! Meu único time é o Goiás Esporte Clube, o maior e melhor do centro-oeste brasileiro. Pronto, quanto a isso podem ir lá aos comentários e falarem o que pensam. Mas, antes de falar, leiam o restante.

O que me trouxe a escrever aqui é sobre a forma exagerada com que alguns torcem e, em nome da tal torcida, ofendem no mais baixo nível pessoas que, em alguns casos e em especial através das redes sociais, não conhecem.

É “Cristão” xingando cada nome que envergonharia qualquer não cristão, pais e mães de família que ofendem filhos e filhas, inclusive incitando-os a serem violentos (afinal, dão o exemplo) e, claro, torcedores cegamente apaixonados que não enxergam nada além do próprio nariz e, neste afã de torcer enlouquecidamente, não veem méritos em seus adversários, preferindo apenas o discurso cansativo e retórico de que o outro clube, se ganhou, foi roubado. Se perdeu, foi merecimento.

Neste aspecto, até entendo. É a tal passionalidade apaixonante que, a priori, nenhum mal deveria fazer.

Mas preocupa-me, insisto em dizer, com os que perdem o prumo e aproveitam-se das Redes Sociais para desfiarem um turbilhão de ofensas a outras pessoas que, em condições normais, são homens e mulheres de bem, cumpridores e cumpridoras de suas lidas diárias, que dão e recebem respeito nas relações sociais do dia a dia, inclusive em suas instituições religiosas.

Estas pessoas, como que tomadas por um espírito trevoso, aproveitam-se do futebol para falarem e fazerem – muitos dos que falam não vão às vias de fato, não vão por falta vontade, mas por falta de oportunidade – o que em condições normais reprovariam.

Nas arquibancadas ou nas resenhas da rua, poderemos tirar sarro uns dos outros, tentando mostrar o quanto meu time é melhor que o seu, etc. Mas o que preocupa-me, novamente retomo o assunto central, é aproveitar este momento para ofensas impensáveis para um cidadão de bem.

Eu torci muito pelo Palmeiras contra o Tijuana, embora tivesse absoluta certeza de que nem o Palmeiras, nem o Tijuana tivessem jogado o suficiente para merecer chegar onde chegaram.

Ontem, torci muito para o Corinthians que jogou melhor que o Boca, fez por merecer passar e, não fosse o senhor árbitro Carlos Amarilla e sua trupe, estaria na próxima fase e, como não está jogando bem, acredito até que não passaria dela.

Este Corinthians é o mesmo que, em minha opinião, vencerá mais uma vez o Santos que, ironia do futebol, jogou pior que o São Paulo e, ainda assim, passou para a final do Paulista.

Isso é uma análise, nem certa nem errada, mas é a minha análise.

E assim fazendo, vou dando meus pitacos sem caminhar para o campo das ofensas, respeitando as opiniões, inclusive as apaixonadas e pedindo, humildemente, que deem-me e deem-nos o direito de pensar diferente.

Mas, se fosse assim tão racional, não seria futebol.

Então, até o próximo apaixonado comentário futebolístico.



Abraços!

Paulo de Tarso F Castro


Nota: este artigo poderá ser publicado em jornais, revistas e outros veículos, sem autorização específica do autor, desde que mantido integralmente, com a respectiva citação da fonte.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Pelo direito de desanimar-se.


Recentemente recebi um convite para, novamente, falar sobre “Depressão” sob a ótica da religião que professo e, novamente, enveredei-me para o estudo sobre esta doença mundial do nosso mundo moderno.


Salientando sempre que a depressão necessita de ajuda especializada, tanto a de cunho espiritual quanto, e principalmente, a de um profissional da área médica, percebi novamente que uma das causas é a pressão que socialmente as pessoas exercem, umas sobre as outras, apresentando-lhes um mundo perfeito em oposição ao mundo normal, este que todos nós vivemos e que, não raro, no qual temos que lidar com os vários problemas de uma vida comum, com as inumeráveis frustrações quando estamos desempenhando nossos papeis de pais, filhos, cônjuges, empregados, chefes, etc.

Tanto as orientações religiosas e espiritualistas, quanto as médicas, são convites para que saiamos de um ou outro estado de tristeza e que busquemos forças para vencer a depressão, ou o estado melancólico que a antecede, e recomecemos a vida com todas as suas cores, sorrisos e energia que só uma vida plena pode oferecer.

Nas palestras doutrinárias que ministro, invariavelmente – e como não poderia ser diferente – o convite é para que consigamos dar esta virada motivacional.

Mas, embora evite falar, não para faltar com a verdade, mas apenas sob-receio de não ser devidamente compreendido, acredito verdadeiramente que as pessoas têm o direito de desanimar-se e, até certo ponto, de curtir este período de descrédito com as coisas, com a vida, com as pessoas e com tudo o mais que o cerca.

Penso tratar-se de um período sabático e não necessariamente uma atitude negativa, do tipo “desisti da minha vida!”

Creio, aliás, que os profissionais da área médica, já citados, sabem bem como nominar este momento pelo qual todos nós passamos algumas vezes ao longo de nossas vidas.

Saliente-se que nem todo momento de tristeza é uma depressão. Como falado pelos que entendem do assunto, a depressão começa a tomar forma quando a tristeza, desencadeada por algo normal do cotidiano, começa a prolongar-se.

As causas são as mais variadas possíveis, desde um simples problema afetivo até situações mais sérias como a perda de um ente querido, a constatação de um desvio de conduta de alguém a quem se ama, etc.

Outro problema é que, quando estamos tristes, temos que conviver com as várias perguntas, algumas delas inquisidoras, do tipo: "o que você tem?"; "o que houve?"; "triste de novo?". 

Infelizmente nem sempre quem pergunta quer saber a resposta e/ou ajudar. Alguns estão apenas, e lamentavelmente, aproveitando o momento para deixar-nos ainda piores.

Outros tantos julgam que não temos o direito de ficarmos tristes, como se fosse obrigação somar-nos à sociedade e ao que ela pretende ver, todos felizes.

Calma gente. Ficar triste é, digamos, um direito.

Porém, tão ou mais importante que ter o "direito a desanimar-se" é, também,
ter a convicção interna que, passado este momento, é preciso reunir forças – através dos amigos e dos profissionais médicos – e recomeçar.

Porque infelizmente a vida não nos permite um tempo longo demais, para ficarmos curtindo este momento.

É preciso levantar-se, reerguer-se e recomeçar a jornada... até a próxima parada, até o próximo recesso.

Pense nisso!

Paulo de Tarso F Castro


Nota: este artigo poderá ser publicado em jornais, revistas e outros veículos, sem autorização específica do autor, desde que mantido integralmente, com a respectiva citação da fonte.


segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Eu Não Trabalho para Você!

Esta é a frase que 10 entre 10 empregados, funcionários e demais colaboradores de uma organização – entenda-se por colaboradores todos os que contribuem para o desenvolvimento e o sucesso desta, ou seja, os stakeholders – deveriam dizer. Mas, claro, não dizem!


Antes de “defender” este ponto de vista, é importante apresentar a contramão deste pensamento, ou seja, algumas sentenças amplamente ouvidas e divulgadas em uma instituição seja ela qual for, e que contribuem sensivelmente para que os colaboradores da mesma, não pensem em dizer algo assim. São elas:
  • “Melhor é puxar-saco do que puxar-carroça!”
  • “Você trabalha para quem paga o seu salário.”
  • “Manda quem pode, obedece quem tem juízo!”


A questão, já explorada em outro artigo meu (O jogo do contente e o ambiente corporativo) é que estamos cada vez menos preparados para termos em nossos quadros pessoas que pensam e, por isso e também pelo exagerado ego dos que dirigem as organizações, desde os tempos mais remotos, valorizamos as pessoas que trabalham para nós, os sócios, acionistas, donos, diretores, presidentes, reis e rainhas e não para a nossa organização.

Isto faz bem para o ego, para as vaidades estabelecidas, mas, por certo, muito mal para a organização, seja ela uma empresa, uma ONG, um estado, um país, etc.

É fato que precisamos de mais líderes empenhados em contratar pessoas que trabalham para o sucesso da organização e menos para eles, os “donos”.

Afinal, desde o mais alto executivo ou cargo hierárquico de uma empresa, até o seu mais básico colaborador, TODOS – exatamente todos – deveriam estar cientes de que prestam seus serviços para a empresa, e não uns para os outros e que os interesses da empresa devem ser maiores e mais perenes que os interesses individuais, ainda que dos seus maiores líderes.

Ou seja, é preciso entender que prestar serviços uns para os outros é parte de uma ação maior, a de trabalhar pelo sucesso da empresa e esta, a empresa ou organização, trabalha para o cliente final.

Considerando o caso sob este ponto de vista, fica fácil perceber que eu, você e o governador do estado, trabalhamos para o estado e que, juntos também, trabalhamos pelo país, assim como o faz, a senhora presidenta da república.

Parece apenas um jogo de palavras, mas não é!

Em um momento em que cada vez mais temos pessoas envolvidas até a alma em valorizar os que possuem como foco satisfazerem seus desejos, seus valores, suas conquistas e suas vaidades, retrato de um ego superexcitado, nada mais normal que donos de empresas, presidentes e diretores, exigirem que os colaboradores trabalhem para eles e não para organização e, o que é pior, nem sempre os interesses são comuns, ocasionando que em muitas situações, buscando satisfazer o ego do pseudo líder, temos colaboradores trabalhando contra a empresa.

Não estamos aqui defendendo a insubordinação ao líder, chefe, presidente ou a quem "manda", claro que não. O que defendemos é que líderes e liderados entendam que, todas as vezes que na intenção de atender este superior hierárquico, deixamos de lado os interesses macros da empresa e, por conseguinte, o real atendimento ao cliente final em seus interesses, estamos trabalhando contra a empresa e contra os clientes desta.

É por isso que às vezes é importante dizer a todos: eu não trabalho para você, com uma pausa e um excelente complemento: nós trabalhamos por nossa empresa ou organização. JUNTOS!

E você, trabalha exatamente para quem?

Paulo de Tarso F Castro


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