Um homem de bem, com suas
particularidades, seus defeitos e suas virtudes, exatamente como somos nós,
homens e mulheres de bem, resolveu partilhar com sua filha e seu filho, ambos
adolescentes, um momento de lazer em família. Nada mais saudável, nada mais
elogiável, nada mais justo.
Foi este homem assistir a uma
partida de futebol e, sabedor que o estádio estaria lotado e que lamentavelmente
poderia ter que enfrentar a insanidade de bandidos travestidos de torcedores,
comprou seus ingressos antecipadamente, escolheu um local mais seguro para
ficar, chegou mais cedo e assistiu ao jogo partilhando com os filhos sua
torcida por seu time do coração, bem como os momentos de angústia, raiva e
alegria, absolutamente normal para um momento assim.
Quanto ao receito das brigas de
torcidas, estava este pai de família, empresário de sucesso e, atualmente,
servidor do governo do estado, seguro de que poderia contar com a proteção dos
trabalhadores incansáveis e determinados da nossa Polícia Militar.
Para cercar-se ainda mais de
cuidados, preservando sua saúde e integridade, bem como de sua filha e seu
filho, optou este senhor – como sempre faz, por sair um pouco mais tarde do
estádio e, em segurança, regressar a seu lar.
Porém, o que ele não contava e
jamais iria esperar, é que alguns outros servidores do Estado de Goiás, servidores
estes que tem o DEVER de proteger os cidadãos, utilizando-se da farda da respeitada
e centenária instituição que é a Polícia Militar, abusariam agressivamente do
poder que lhes confere a Constituição da República, fazendo de uma simples
abordagem policial, destas de rotina, uma inequívoca demonstração de que
algumas pessoas não mereceriam ter nascido, quanto mais terem crescido e
ocuparem, como hoje, uma função social que inclui, como diz o slogan da própria
corporação, PROTEGER E SERVIR.
E foi isso que aconteceu a este pai
de família, caro amigo de longa data, das boas e das horas ruins, a quem devo
muito mais que obrigação, respeito e gratidão.
A pessoa em questão, Sr. Reilly
Rangel, foi agredido covardemente pelas pessoas que teriam o dever de
protegê-lo, bem como a sua filha e filho que, pasmem, assistiu a uma abordagem
policial equivocada, com requintes de humilhação e crueldade, além de terem
sidos ESQUECIDOS pelo poder público que, ao deterem o pai, não sem antes agredi-lo,
deixou estas ainda crianças a mercê da própria sorte, às duas horas da
madrugada, sem sequer permitirem ao referido pai falar-lhes, restando a este,
gritos de pedido de socorro e “protejam meus filhos”.
Foi detido covardemente, como se faz
com os bandidos das piores espécies, não considerando em momento algum ser este
um cidadão de bem, cumpridor dos seus deveres, respeitador e, evidentemente não
alcoolizado, fora de qualquer estereótipo de quem deveríamos ter “cuidado” em
uma abordagem de rotina.
O próprio comandante da corporação,
nas entrevistas para TV e jornais, reconheceu que a ação foi equivocada
e totalmente fora dos padrões da Polícia Militar.
Alguns amigos me ligaram dizendo que
provavelmente ouve por parte do Reilly uma ação que refletiu nesta reação.
Para né!
Ainda que o Reilly tenha argumentado
e, ainda que tenha ficado exaltado e, ainda mais, que tenha ficado irado – o que
não creio que ocorreu, NADA justificaria a REAÇÃO vista nas imagens acima
apresentadas (vide link). Nada Justifica!
Saliente-se que, mesmo que esta
pessoa não tivesse o histórico que tem, não seria ainda merecedor de um ato de
violência tão grotesco, altamente repreensivo por parte de qualquer pessoa de
bem.
Espera-se que nenhum ser humano passe
por uma situação assim, cujos reflexos são irreparáveis, tanto nele quanto em
seus filhos e família.
A nós todos, resta-nos esperar que,
após as providências legais, tanto a Corporação quanto qualquer outra pessoa
que tem o dever de zelar pela segurança e bem estar do próximo, tirem deste
momento as melhores lições, impulsionando-as a não mais incorrem nesta
repreensível situação.
Este é o meu desabafo, o desabafo de
um pai que, ao ver estas cenas, ficou imaginando o quão desafiante seria
acordar para um novo e diferente dia, sabendo-se vítima de um ser humano cada
vez mais despreparado para lidar com outro ser humano.
Não tem como não ficar abalado ao
pensar que ontem foi com ele, amanhã poderá ser comigo ou com você e, se
ficarmos apenas calados, em um futuro não muito distante a barbárie será a “forma
de governo” que teremos.
Que Deus tenha piedade de nós,
pobres e irracionais humanos.