sexta-feira, 1 de novembro de 2013

A Violência Nossa de Cada Dia

Ontem fui surpreendido com uma notícia que me abalou muito.

Um homem de bem, com suas particularidades, seus defeitos e suas virtudes, exatamente como somos nós, homens e mulheres de bem, resolveu partilhar com sua filha e seu filho, ambos adolescentes, um momento de lazer em família. Nada mais saudável, nada mais elogiável, nada mais justo.

Foi este homem assistir a uma partida de futebol e, sabedor que o estádio estaria lotado e que lamentavelmente poderia ter que enfrentar a insanidade de bandidos travestidos de torcedores, comprou seus ingressos antecipadamente, escolheu um local mais seguro para ficar, chegou mais cedo e assistiu ao jogo partilhando com os filhos sua torcida por seu time do coração, bem como os momentos de angústia, raiva e alegria, absolutamente normal para um momento assim.

Quanto ao receito das brigas de torcidas, estava este pai de família, empresário de sucesso e, atualmente, servidor do governo do estado, seguro de que poderia contar com a proteção dos trabalhadores incansáveis e determinados da nossa Polícia Militar.

Para cercar-se ainda mais de cuidados, preservando sua saúde e integridade, bem como de sua filha e seu filho, optou este senhor – como sempre faz, por sair um pouco mais tarde do estádio e, em segurança, regressar a seu lar.

Porém, o que ele não contava e jamais iria esperar, é que alguns outros servidores do Estado de Goiás, servidores estes que tem o DEVER de proteger os cidadãos, utilizando-se da farda da respeitada e centenária instituição que é a Polícia Militar, abusariam agressivamente do poder que lhes confere a Constituição da República, fazendo de uma simples abordagem policial, destas de rotina, uma inequívoca demonstração de que algumas pessoas não mereceriam ter nascido, quanto mais terem crescido e ocuparem, como hoje, uma função social que inclui, como diz o slogan da própria corporação, PROTEGER E SERVIR.

E foi isso que aconteceu a este pai de família, caro amigo de longa data, das boas e das horas ruins, a quem devo muito mais que obrigação, respeito e gratidão.

A pessoa em questão, Sr. Reilly Rangel, foi agredido covardemente pelas pessoas que teriam o dever de protegê-lo, bem como a sua filha e filho que, pasmem, assistiu a uma abordagem policial equivocada, com requintes de humilhação e crueldade, além de terem sidos ESQUECIDOS pelo poder público que, ao deterem o pai, não sem antes agredi-lo, deixou estas ainda crianças a mercê da própria sorte, às duas horas da madrugada, sem sequer permitirem ao referido pai falar-lhes, restando a este, gritos de pedido de socorro e “protejam meus filhos”.

Foi detido covardemente, como se faz com os bandidos das piores espécies, não considerando em momento algum ser este um cidadão de bem, cumpridor dos seus deveres, respeitador e, evidentemente não alcoolizado, fora de qualquer estereótipo de quem deveríamos ter “cuidado” em uma abordagem de rotina.

O próprio comandante da corporação, nas entrevistas para TV e jornais, reconheceu que a ação foi equivocada e totalmente fora dos padrões da Polícia Militar.

Alguns amigos me ligaram dizendo que provavelmente ouve por parte do Reilly uma ação que refletiu nesta reação.

Para né!

Ainda que o Reilly tenha argumentado e, ainda que tenha ficado exaltado e, ainda mais, que tenha ficado irado – o que não creio que ocorreu, NADA justificaria a REAÇÃO vista nas imagens acima apresentadas (vide link). Nada Justifica!

Saliente-se que, mesmo que esta pessoa não tivesse o histórico que tem, não seria ainda merecedor de um ato de violência tão grotesco, altamente repreensivo por parte de qualquer pessoa de bem.

Espera-se que nenhum ser humano passe por uma situação assim, cujos reflexos são irreparáveis, tanto nele quanto em seus filhos e família.

A nós todos, resta-nos esperar que, após as providências legais, tanto a Corporação quanto qualquer outra pessoa que tem o dever de zelar pela segurança e bem estar do próximo, tirem deste momento as melhores lições, impulsionando-as a não mais incorrem nesta repreensível situação.

Este é o meu desabafo, o desabafo de um pai que, ao ver estas cenas, ficou imaginando o quão desafiante seria acordar para um novo e diferente dia, sabendo-se vítima de um ser humano cada vez mais despreparado para lidar com outro ser humano.

Não tem como não ficar abalado ao pensar que ontem foi com ele, amanhã poderá ser comigo ou com você e, se ficarmos apenas calados, em um futuro não muito distante a barbárie será a “forma de governo” que teremos.

Que Deus tenha piedade de nós, pobres e irracionais humanos.

 Paulo de Tarso F Castro

quarta-feira, 12 de junho de 2013

PROTESTOS

Muitas pessoas reverberam os protestos e nunca saíram sequer na porta de seus confortáveis aposentos para, efetivamente, fazerem parte de algo...

Estas mesmas pessoas, quando podem "protestar" pelo voto, entregam-se as conveniências políticas e sociais, não só votando em um "indicado" como até mesmo trabalhando para estes.

Em outras oportunidades, nos seus não menos confortáveis automóveis, usam a esperteza para avançar o sinal, ultrapassar pela faixa da direita - ou pelo acostamento -, estacionar em faixa dupla ou sobre a faixa de pedestres, etc.

Outros ainda aproveitam os pseudo-protestos para extravasarem sua dose de violência e vandalismo.

E um grupo pequeno efetivamente protesta, contra ou a favor, seguindo seus princípios, valores e consciência. (A estes, meus cumprimentos.)

Por isso, embora respeite o DIREITO dos protestos, lamento muito pela insanidade em que estes momentos se tornam e, claro, mais ainda por ver pessoas e empresas pagarem o CUSTO do tal direito.

A linha que tem separado o legítimo direito ao protesto, a do vandalismo, é muito tênue e, não raras vazes, tem confundido-se.

Mas, se até quando publicamos uma frase alusiva ao nosso time de futebol, somos criticados, quanto mais seremos ao discordar desta balbúrdia em que se tornou este "direito" social de protestar e pressionar.

Vida que segue... 


Paulo de Tarso F Castro



Nota: este artigo poderá ser publicado em jornais, revistas e outros veículos, sem autorização específica do autor, desde que mantido integralmente, com a respectiva citação da fonte.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

CORINTHIANS, FUTEBOL E OUTROS PITACOS


Ao acessar o facebook hoje e “correr os olhos” nos vários
comentários sobre a eliminação do Sport Club Corinthians Paulista, da Copa Libertadores da América de 2013, resolvi partilhar um pouco do que penso sobre a forma passional e até certo ponto perigosa com que muitos de nós torcemos, ou não, considerando que esta passionalidade ataca ambos os grupos.

Eu gosto muito deste esporte bretão, muito mesmo.

Não jogo o que gosto, claro. Aliás, não ouso dizer que jogo, apenas que “brinco” com os amigos que, por sinal, são em sua maioria excelentes amigos.

No aspecto torcedor, tento ser o mais racional possível, embora não seja este o papel de um torcedor. O torcedor tem que ser passional, se não perde a graça, daí ter que ouvir os vilanovenses curtirem com os esmeraldinos, algo cada vez mais raro, e os esmeraldinos, com aqueles. Normal, nada mais emocional também.

Ontem, fruto desta paixão pelo futebol, fui assistir mais um jogo da Copa Libertadores, desta vez de um dos melhores times do Brasil na atualidade, o Corinthians, contra um dos maiores clubes argentino das últimas décadas, o Boca Júniors que, conforme não cansou de repetir a mídia nacional, está em um péssimo momento no Campeonato Argentino, subentendendo que seria fácil o Corinthians passar por ele.

Mas, como diz um antigo dito popular, “O jogo é jogado e o Lambari é pescado!”

E neste jogo jogado o Boca tinha tudo para continuar a excelente primeira partida ocorrida lá em Buenos Aires e, se o Corinthians mantivesse o que jogou lá, nada mais normal do que empatar ou até mesmo perder o jogo em São Paulo.

Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press
Mas NÃO FOI O QUE ACONTECEU. O que vimos, lamentavelmente, foi um arrogante árbitro de futebol, e seu respectivo trio, especialmente os assistentes das laterais, errarem feio e, com isso, prejudicarem um time e sua respectiva torcida.

Errou (?), isso é um fato!

Não há como discutir as evidências tão claras quanto as que foram possíveis de serem vistas nas imagens. Não foi um erro, aparentemente foram quatro.

A mídia nacional e a internacional estão dizendo isso. 

Bom, aí quem está lendo até aqui, especialmente os fanáticos torcedores de outros clubes, já estão prontos para ir aos comentários e xingar-me por ser eu mais um do “bando de loucos”!

Não sou! Meu único time é o Goiás Esporte Clube, o maior e melhor do centro-oeste brasileiro. Pronto, quanto a isso podem ir lá aos comentários e falarem o que pensam. Mas, antes de falar, leiam o restante.

O que me trouxe a escrever aqui é sobre a forma exagerada com que alguns torcem e, em nome da tal torcida, ofendem no mais baixo nível pessoas que, em alguns casos e em especial através das redes sociais, não conhecem.

É “Cristão” xingando cada nome que envergonharia qualquer não cristão, pais e mães de família que ofendem filhos e filhas, inclusive incitando-os a serem violentos (afinal, dão o exemplo) e, claro, torcedores cegamente apaixonados que não enxergam nada além do próprio nariz e, neste afã de torcer enlouquecidamente, não veem méritos em seus adversários, preferindo apenas o discurso cansativo e retórico de que o outro clube, se ganhou, foi roubado. Se perdeu, foi merecimento.

Neste aspecto, até entendo. É a tal passionalidade apaixonante que, a priori, nenhum mal deveria fazer.

Mas preocupa-me, insisto em dizer, com os que perdem o prumo e aproveitam-se das Redes Sociais para desfiarem um turbilhão de ofensas a outras pessoas que, em condições normais, são homens e mulheres de bem, cumpridores e cumpridoras de suas lidas diárias, que dão e recebem respeito nas relações sociais do dia a dia, inclusive em suas instituições religiosas.

Estas pessoas, como que tomadas por um espírito trevoso, aproveitam-se do futebol para falarem e fazerem – muitos dos que falam não vão às vias de fato, não vão por falta vontade, mas por falta de oportunidade – o que em condições normais reprovariam.

Nas arquibancadas ou nas resenhas da rua, poderemos tirar sarro uns dos outros, tentando mostrar o quanto meu time é melhor que o seu, etc. Mas o que preocupa-me, novamente retomo o assunto central, é aproveitar este momento para ofensas impensáveis para um cidadão de bem.

Eu torci muito pelo Palmeiras contra o Tijuana, embora tivesse absoluta certeza de que nem o Palmeiras, nem o Tijuana tivessem jogado o suficiente para merecer chegar onde chegaram.

Ontem, torci muito para o Corinthians que jogou melhor que o Boca, fez por merecer passar e, não fosse o senhor árbitro Carlos Amarilla e sua trupe, estaria na próxima fase e, como não está jogando bem, acredito até que não passaria dela.

Este Corinthians é o mesmo que, em minha opinião, vencerá mais uma vez o Santos que, ironia do futebol, jogou pior que o São Paulo e, ainda assim, passou para a final do Paulista.

Isso é uma análise, nem certa nem errada, mas é a minha análise.

E assim fazendo, vou dando meus pitacos sem caminhar para o campo das ofensas, respeitando as opiniões, inclusive as apaixonadas e pedindo, humildemente, que deem-me e deem-nos o direito de pensar diferente.

Mas, se fosse assim tão racional, não seria futebol.

Então, até o próximo apaixonado comentário futebolístico.



Abraços!

Paulo de Tarso F Castro


Nota: este artigo poderá ser publicado em jornais, revistas e outros veículos, sem autorização específica do autor, desde que mantido integralmente, com a respectiva citação da fonte.