Ao acessar o facebook hoje e “correr os olhos” nos vários comentários sobre a eliminação do Sport Club Corinthians Paulista, da Copa Libertadores da América de 2013, resolvi partilhar um pouco do que penso sobre a forma passional e até certo ponto perigosa com que muitos de nós torcemos, ou não, considerando que esta passionalidade ataca ambos os grupos.
Eu gosto muito deste esporte bretão,
muito mesmo.
Não jogo o que gosto, claro. Aliás,
não ouso dizer que jogo, apenas que “brinco” com os amigos que, por sinal, são
em sua maioria excelentes amigos.
No aspecto torcedor, tento ser o
mais racional possível, embora não seja este o papel de um torcedor. O torcedor
tem que ser passional, se não perde a graça, daí ter que ouvir os vilanovenses
curtirem com os esmeraldinos, algo cada vez mais raro, e os esmeraldinos, com aqueles.
Normal, nada mais emocional também.
Ontem, fruto desta paixão pelo
futebol, fui assistir mais um jogo da Copa Libertadores, desta vez de um dos
melhores times do Brasil na atualidade, o Corinthians, contra um dos maiores
clubes argentino das últimas décadas, o Boca Júniors que, conforme não cansou
de repetir a mídia nacional, está em um péssimo momento no Campeonato
Argentino, subentendendo que seria fácil o Corinthians passar por ele.
Mas, como diz um antigo dito
popular, “O jogo é jogado e o Lambari é pescado!”
E neste jogo jogado o Boca tinha
tudo para continuar a excelente primeira partida ocorrida lá em Buenos Aires e,
se o Corinthians mantivesse o que jogou lá, nada mais normal do que empatar ou
até mesmo perder o jogo em São Paulo.
Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press |
Mas NÃO FOI O QUE ACONTECEU. O que
vimos, lamentavelmente, foi um arrogante árbitro de futebol, e seu respectivo
trio, especialmente os assistentes das laterais, errarem feio e, com isso,
prejudicarem um time e sua respectiva torcida.
Errou (?), isso é um fato!
Não há como discutir as evidências
tão claras quanto as que foram possíveis de serem vistas nas imagens. Não foi
um erro, aparentemente foram quatro.
A mídia nacional e a internacional estão dizendo isso.
Bom, aí quem está lendo até aqui,
especialmente os fanáticos torcedores de outros clubes, já estão prontos para ir
aos comentários e xingar-me por ser eu mais um do “bando de loucos”!
Não sou! Meu único time é o Goiás
Esporte Clube, o maior e melhor do centro-oeste brasileiro. Pronto, quanto a
isso podem ir lá aos comentários e falarem o que pensam. Mas, antes de falar,
leiam o restante.
O que me trouxe a escrever aqui é
sobre a forma exagerada com que
alguns torcem e, em nome da tal torcida, ofendem
no mais baixo nível pessoas que, em alguns casos e em especial através das
redes sociais, não conhecem.
É “Cristão” xingando cada nome que
envergonharia qualquer não cristão, pais e mães de família que ofendem filhos e
filhas, inclusive incitando-os a serem violentos (afinal, dão o exemplo) e,
claro, torcedores cegamente apaixonados que não enxergam nada além do próprio
nariz e, neste afã de torcer enlouquecidamente, não veem méritos em seus
adversários, preferindo apenas o discurso cansativo e retórico de que o outro
clube, se ganhou, foi roubado. Se perdeu, foi merecimento.
Neste aspecto, até entendo. É a tal
passionalidade apaixonante que, a priori, nenhum mal deveria fazer.
Mas preocupa-me, insisto em dizer,
com os que perdem o prumo e aproveitam-se das Redes Sociais para desfiarem um turbilhão
de ofensas a outras pessoas que, em condições normais, são homens e mulheres de
bem, cumpridores e cumpridoras de suas lidas diárias, que dão e recebem
respeito nas relações sociais do dia a dia, inclusive em suas instituições
religiosas.
Estas pessoas, como que tomadas por
um espírito trevoso, aproveitam-se do futebol para falarem e fazerem – muitos dos
que falam não vão às vias de fato, não vão por falta vontade, mas por falta de oportunidade – o que em condições normais reprovariam.
Nas arquibancadas ou nas resenhas
da rua, poderemos tirar sarro uns dos outros, tentando mostrar o quanto meu
time é melhor que o seu, etc. Mas o que preocupa-me, novamente retomo o assunto
central, é aproveitar este momento para ofensas impensáveis para um cidadão de
bem.
Eu torci muito pelo Palmeiras contra
o Tijuana, embora tivesse absoluta certeza de que nem o Palmeiras, nem o
Tijuana tivessem jogado o suficiente para merecer chegar onde chegaram.
Ontem, torci muito para o
Corinthians que jogou melhor que o Boca, fez por merecer passar e, não fosse o
senhor árbitro Carlos Amarilla e sua trupe, estaria na próxima fase e, como não está jogando
bem, acredito até que não passaria dela.
Este Corinthians é o mesmo que, em minha opinião, vencerá mais uma vez o Santos que, ironia do futebol, jogou pior que o São
Paulo e, ainda assim, passou para a final do Paulista.
Isso é uma análise, nem certa nem
errada, mas é a minha análise.
E assim fazendo, vou dando meus
pitacos sem caminhar para o campo das ofensas, respeitando as opiniões,
inclusive as apaixonadas e pedindo, humildemente, que deem-me e deem-nos o
direito de pensar diferente.
Mas, se
fosse assim tão racional, não seria futebol.
Então, até o próximo apaixonado comentário futebolístico.
Abraços!
Paulo de Tarso F Castro
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