sábado, 6 de junho de 2020

Mais um sábado sem os Mestres

"Quem não sonhou em ser um jogador de futebol?"
É uma partida de futebol (Skank, Nando Reis / Samuel Rosa)







Então, mais um sábado sem o futebol dos Mestres, no meu particular caso que havia viajado a trabalho uns dias antes deste forçado recesso pelo Corona vírus, estou então completando mais de três meses sem jogar aquele futebol com os amigos.

Sabemos que o momento, um dos piores de nossa história recente, com centenas de milhares de mortes pelo mundo, requer de nós o foco de cuidarmos-nos e de cuidarmos dos que nos cercam, compreendendo que ficar em casa, quando possível, é o melhor "remédio" para esta doença.

Ainda assim, enquanto mexia na minha gaveta de roupas, deparei-me com meu colete da turma e foi automático relembrar do campo, dos jogos e dos amigos. E, claro, sentir falta de cada um.

Sente-se falta de tudo, razão pela qual permiti escrever este texto, sem nenhuma pretensão em ser um exímio artigo, mas apenas para homenagear a Turma dos Mestres e TODOS os seus integrantes, de hoje, de ontem e que estarão de volta, amanhã. Sim, porque quando possível for, lá estaremos novamente.

Mas, centrando-me no propósito deste recado, permiti fazer uma LISTA do que, acredito, estamos sentindo falta. Eis aqui, alguns exemplos e, ao término, espero seu comentário com o seu pitaco.

Na preleção:
De quem organiza, tão bem, que consegue economizar para pagar os custos da pescaria...
De quem quer pagar com uma nota de cem reais, uma conta de 10, no início, apenas para não pagar...
De quem não quer pagar, porque vive no 0800...
De quem, por coincidência, falta no dia de pagar a mensalidade...
De quem já espera um recado no grupo de Whatas, de que é o dia de pagar...
De quem fica escondido lá fora, para chegar junto a outro alguém e, com isso, jogarem juntos...
De quem chega e vai tomar uma cerveja, fumar um cigarro e preparar corpo e mente para jogar melhor...
De quem chega para resenha, fica na resenha e não joga, aguardando voltar para resenha...
De quem chega atrasado, com o som do carro no modão, para chamar a atenção. Sentindo-se uma celebridade. (E quem disse que não é?)
De quem provoca sobre política, porque seu ponto de vista é o melhor, mais embasado, mais profundo, mais... iludido...
De quem acha que elegemos um Mito...
De quem acredita que futebol profissional é coisa séria... e quer discutir isso como se estivesse falando de algo que valha a pena...
De quem só ouve... só ouve... e só ouve. (Inteligente e silencioso)...
De quem briga pelos times que foram montados, sempre acreditando prejudicado, reclamando da lista, da planilha, da sequencia...
Dos que aproveitam para consultar com o nosso médico, o nosso fisioterapeuta, o nosso gestor financeiro, o nosso advogado, o nosso contador, o colega empresário, o construtor, o arquiteto... Tudo isso de graça, claro.

E durante o jogo:
De quem tem certeza ser profissional, só está no lugar errado, na hora errada, para o jogo certo...
De quem não perde uma bola sem caçar o colega para dar uma cutucada. Se pegar, pegou...
De quem chora o tempo todo porque não tem amigos, mas sabe que tem, sabe que somos...
De que não erra nunca, se ganhar ele é o cara. Se perder o time é ruim, a zaga é fraca e o goleiro um fiasco...
De quem jura que é centroavante matador mas, não raro, mata os colegas por tantos gols perdidos...
De quem começa jurando que vai jogar na zaga e, segundos depois, está jurando que sabe fazer gol. E a zaga que se lasque..
De quem joga no gol e na sombra... e, se quiserem, porque eu e a sombra, somos um!
De quem quer dar voleio em todas as bolas, até no aquecimento... e toma bronca do sobrinho... 
De quem só toca a bola se for para o tio... aff.
De quem corre, corre, corre e... só isso, só corre...
De quem está (ou estava) com uns 150 quilos antes da pandemia e olha para a bola como quem diz: “já fui bom nisso!”
De quem tem olhos de lince, consegue ver uma falta ou uma bola que saiu, às 19 horas, no outro lado do campo tão bem iluminado...
De quem reclama de tudo, de todos, de si mesmo... 
De quem xinga, ameaça, jura que vai “pegar lá fora...”
De quem tem certeza de que deveria estar jogando no Barcelona, mas está na Turma dos Mestres... (E isso já é um grande lucro!)
De quem dá uma bela caneta...
De quem toma uma bela caneta...
De quem ri de si mesmo. 


Enfim, foi preciso esta longa ausência para alguns de nós percebermos o óbvio. Que o que menos fazemos no futebol, talvez seja jogar. Isso porque lá estamos para nos divertirmos, aliviarmos a tensão da semana, do mês, da vida, sorrirmos um pouco, reclamarmos um tanto mais, vermos e revermos os amigos, fazermos outros, entendermos a nós mesmos e reclamarmos também.

Não, não sou um jogador, não sou bom de bola, não sou tão calmo e amigo quanto eu gostaria de ser. Envelheci, o corpo já não acompanha a mente e esta, a mente, nunca foi lá grande coisa. Ainda assim, sinto falta de todos ali, de tudo que representa este encontro sábado à tarde. E, neste particular, fazer parte da Turma dos Mestres, muito me orgulha.

Por isso, e não só por isso, espero que voltemos logo a nos ver. E, quando isso ocorrer, que tenhamos mais calma para aproveitar o momento como se fosse o último, pois que o que estamos vendo agora, é que talvez ele seja.

Por hora, resta cuidarmos de nós e dos outros, ficarmos em casa e esperarmos por dias melhores, vencendo este momento difícil de quarentena pelo COVID19.


E você, do quê você sente falta?



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